O mês de julho marca um momento esperado por muitas famílias: as férias escolares. Para algumas, é sinônimo de descanso, viagens e tempo em família. No entanto, para outras esse período representa a chegada de novos desafios como a quebra da rotina, a interrupção das atividades escolares, mudanças na alimentação e a exposição a ambientes diferentes.
Durante essa leitura, separamos algumas dicas para ajudar com a transição de rotina durante esse período de férias.
Criando uma rotina de férias
A previsibilidade é um fator central na vida de pessoas autistas. A rotina proporciona segurança e estabilidade, pois permite que a pessoa antecipe o que vai acontecer e se organize internamente para lidar com isso. Durante as férias, a ausência de rotina e atividades podem causar insegurança, irritabilidade, alterações no sono e até crises.
Mesmo que a rotina comum seja alterada, é possível criar uma rotina adaptada para o período de descanso. Estabelecendo horários aproximados para acordar, se alimentar, brincar, descansar e dormir. Essa organização vai ajudar a criar um ambiente mais previsível nas férias mesmo com a mudança nas atividades. Um cronograma simples e visual, com imagens ou palavras, pode ajudar muito na compreensão e na aceitação dessa nova organização.
Lidando com o tédio e a falta de atividades
O tédio, especialmente quando há mudanças na rotina ou ausência de estímulos significativos, pode ser difícil de lidar para pessoas autistas, causando problemas como estresse, agitação, frustração e mais ansiedade ao longo do dia.
Como podemos lidar melhor com o tédio:
- Criar uma lista de atividades favoritas: manter à vista um quadro ou lista com opções de coisas que a pessoa gosta de fazer pode facilitar a escolha quando surgir o tédio.
- Estabelecer pequenas metas ao longo do dia: dividir o dia em blocos com uma ou duas atividades programadas ajuda a dar estrutura e direção, reduzindo a sensação de “tempo vazio”.
- Variar estímulos com equilíbrio: alternar entre atividades ativas (jogos, brincadeiras, caminhadas) e atividades mais tranquilas (desenhar, ouvir música, assistir a um vídeo) ajuda a manter o interesse sem sobrecarregar a pessoa.
- Utilizar recursos sensoriais ou objetos de interesse: fidgets, brinquedos sensoriais, kits de texturas ou qualquer objeto de interesse especial podem funcionar como aliados em momentos de tédio e autorregulação.
- Oferecer escolhas limitadas: quando alguém está entediado, muitas opções podem gerar confusão. Oferecer 2 ou 3 opções pode ajudar a manter o foco e facilita a tomada de decisão.
É importante lembrar que o tédio faz parte da experiência humana e não precisa ser completamente eliminado, mas sim acolhido e compreendido.
Referências
- AUTISM PARENTING MAGAZINE. Autismo e tédio: como gerenciá-lo. Disponível em: https://www.autismparentingmagazine.com/autism-and-boredom/ Acesso em 27 de Junho de 2025